PRINCIPIOS FILOSÓFICOS DO TRABALHO ESCOLAR
Quando a escola assume a responsabilidade de atuar na transformação e na busca do desenvolvimento social, seus agentes devem empenhar-se na elaboração de uma proposta para a realização desse objetivo.Por isso, definimos a postura de nossa escola como a de trabalhar no sentido de formar cidadãos conscientes, capazes de compreender e criticar a realidade, atuando na busca da superação das desigualdades e do respeito ao
ser humano.
Na dimensão pedagógica, reside a intencionalidade da nossa escola, que é a de formar cidadãos participativos, responsáveis, compromissados, críticos e criativos.
O conceito de nossa escola em torno da educação, passa pelo princípio de que ela deve funcionar como um local de produção e socialização cultural, valorizando os saberes do campo e estimulando a criação de novos saberes, visando ao pleno desenvolvimento do aluno.
Assim, a preocupação com a formação cidadã, humana e abrangente vem de encontro à realidade que enfrentamos, pois muitos dos problemas sociais e educacionais em que nos deparamos, contrapõe-se a problemas vigentes na sociedade, em caráter mais amplo.
A nossa população escolar, frente a questionamentos apresentados, define a importância da escola e um projeto de educação, abrangendo os seguintes aspectos:
A escola é um local que proporciona a socialização do aluno;
É um ambiente que torna possível a criticidade, desenvolve novas visões de mundo, conscientiza sobre direitos e deveres, favorece a participação ativa e consciente do indivíduo em sociedade e estimula a vivência da cidadania plena;
A escola contribui para o enfrentamento dos desafios e das exigências do mercado de trabalho;
Favorece e complementa a formação integral da pessoa.
Entendemos que pensar o papel político e pedagógico que a escola cumpre no interior de uma sociedade, dividida em classes sociais, dentro de um modo de produção capitalista, implica em reconhecer a educação como um ato político, que possui uma intencionalidade e, contraditoriamente, vem contribuindo, ou para reforçar o modelo de sociedade, sua ideologia, a cultura e os saberes que são considerados relevantes para os grupos que possuem maior poder, ou para desvelar a própria forma como a escola se articula com a sociedade e seu projeto político, constituindo-se num espaço emancipatório, de construção de uma contra-ideologia, onde a cultura e os saberes dos grupos sociais que historicamente têm sua historia negada, silenciada, distorcida, esteja em diálogo permanente com os saberes historicamente acumulados e sistematizados na história da humanidade.
Outra questão de grande relevância e que deve permear todo o trabalho escolar é o de que vivemos em uma sociedade em que as minorias sociais, especificamente a raça negra, os deficientes, a classe baixa, padece por conta da existência do preconceito. Muitas vezes camuflado, porém, sem deixar de existir, atinge boa parte das pessoas, chegando à vivência escolar.
A própria História da Humanidade retrata a história vivida pelas minorias, em que são relatados fatos como a opressão, a exploração, a aculturação e a violência tanto física, como também a violência moral.
A forma de vivência e sobrevivência ao qual se submeteu essas minorias, os levou a tornar-se um povo lutador por seus direitos, embora nem sempre respeitados pela grande massa de exploradores. Surgem leis, ao longo dos tempos, em que tem como principal intuito, fazer com os direitos desse povo fossem respeitados e viabilizados em sociedade. Surgem também diversas contribuições culturais, que mesmo massacrada, não desiste de firmar a riqueza de princípios, costumes e valores, especialmente da raça negra. Princípios, costumes e valores que contribuem imensamente para a preservação e enriquecimento da cultura brasileira.
Atualmente, percebe-se que paralelamente à situação vivenciada pelas minorias no mundo, em nosso país, em nosso estado, no nosso município e especificamente, nas pequenas comunidades e aglomerações sociais, como nas escolas, retrata situações de desvalorização e pré-conceito, o que tem causado conflitos de identidade.
O homem contemporâneo se vê obrigado a conviver com um “verdadeiro espetáculo de diferenças” e percebemos claramente isso nas escolas, em que se torna complicado o nosso aluno conviver, aceitar e respeitar a diversidade. Por isso, a visão de nossa escola é de que deve haver um empreendimento no sentido de desenvolver um trabalho pedagógico, no sentido de contribuir para a construção de uma visão particular de convivência, em que nossos alunos possam debater pesquisar e construir uma outra visão quanto às diversidades.
Portanto, entendemos ser necessário partir de situações mais ampla, até abranger a nossa própria realidade, ou seja, a nossa escola, retratando não só as “amarguras” vivenciadas pelas minorias sociais ao longo do desenvolvimento da Humanidade, como também as grandes contribuições culturais deixadas por essas minorias e que se inserem de maneira significativa nos valores contemporâneos.
Partimos do princípio de que resgatando valores de tolerância, convivência coletiva e respeito às diferenças, estaremos contribuindo para que o nosso aluno possa viver e construir um tipo de sociedade diferente da que vivemos. Se não for possível a extinção do preconceito e da discriminação, permanece o sonho de uma sociedade mais digna para as futuras gerações.
A partir da realidade em que se insere nossa escola, partimos do princípio de que ela deve dar conta de formar cidadãos conscientes de seu papel para com as mudanças sociais, não sendo mero expectador dos desafios enfrentados em sociedade, ser crítico, contribuindo para mudanças, responsável, autônomo, solidário, criativo, e capaz de responder aos desafios do
mundo contemporâneo, usando o conhecimento aprendido na escola para entender a sua realidade e contribuindo conseqüentemente, para as transformações necessárias; e estas transformações também estão ligadas a religiosidade da sociedade neste momento histórico, vale a pena destacar que a religiosidade pode funcionar como mecanismo de controle social. E ela passa a ser, instrumentalizada dentro das diversas instituições, como espiritualidade no contexto do mundo. E é dentro de uma perspectiva mais ampla de compreensão de religiosidade (em relação ao conceito de religião), e de psicologização de religião, que, talvez, se possa entender porque espiritualidade parece estar sendo considerada, fundamentalmente, como a procura por valores, por conexões, por vivências, que transcendam a materialidade. Uma postura devida que buscaria sentido, significado para o “estar” no mundo (família, trabalho) e equilíbrio entre as diversas esferas da vida (racional, afetiva, social), enfatizando uma postura humanista diante do mundo (amor, respeito ao próximo, fraternidade, ecologia).
Num processo educacional em que se trabalha a formação do cidadão de forma interdisciplinar não podemos deixar de lado a visão educacional de que o trabalho é um dos eixos do processo educativo, porque é através dele que o homem se modifica, ao modificar a natureza, também se modifica uma perspectiva que incorpora a própria história da formação humana.
Portanto, o trabalho deve ser o centro da formação humana em todo o ensino. Ter o trabalho como princípio educativo implica em compreender a natureza da relação que os homens estabelecem com o meio natural e social, bem como as relações sociais em suas tessituras institucionais, as quais desenham o que
chamamos de sociedade.
Assim, a educação é também uma manifestação histórica do estar e do fazer humano, o que fundamenta o processo de socialização.