sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

PPP - 10° parte

PRINCIPIOS FILOSÓFICOS DO TRABALHO ESCOLAR

Quando a escola assume a responsabilidade de atuar na transformação e na  busca  do  desenvolvimento  social,  seus  agentes  devem empenhar-se  na elaboração de uma proposta para a realização desse objetivo.Por isso,  definimos a postura de nossa escola como a de trabalhar no sentido de formar cidadãos conscientes,  capazes de compreender e criticar a realidade, atuando na busca da superação das desigualdades e do respeito ao
ser humano.
Na dimensão pedagógica, reside a intencionalidade da nossa escola, que é a de formar cidadãos participativos, responsáveis, compromissados, críticos e criativos.
O conceito de nossa escola em torno da educação, passa pelo princípio de que ela deve funcionar como um local de produção e socialização cultural,  valorizando os saberes do campo e estimulando a criação de novos saberes, visando ao pleno desenvolvimento do aluno.
Assim,  a preocupação com a formação cidadã,  humana e abrangente vem de  encontro  à  realidade que enfrentamos,  pois  muitos  dos  problemas sociais  e  educacionais  em que  nos  deparamos,  contrapõe-se  a  problemas vigentes na sociedade, em caráter mais amplo.
A nossa  população escolar,  frente a  questionamentos  apresentados, define  a  importância  da  escola e  um projeto  de  educação,  abrangendo  os seguintes aspectos:
A escola é um local que proporciona a socialização do aluno;
É um ambiente que torna possível  a criticidade,  desenvolve novas visões de mundo,  conscientiza sobre direitos e deveres,  favorece a participação ativa e consciente do indivíduo em sociedade e estimula a vivência da cidadania plena;
A escola contribui para o enfrentamento dos desafios e das exigências do mercado de trabalho;
Favorece e complementa a formação integral da pessoa.

Entendemos  que  pensar  o  papel  político  e  pedagógico  que  a  escola cumpre no interior de uma sociedade, dividida em classes sociais, dentro de um modo de produção capitalista, implica em reconhecer a educação como um ato político,  que  possui  uma  intencionalidade  e,  contraditoriamente,  vem contribuindo, ou para reforçar o modelo de sociedade, sua ideologia, a cultura e os saberes que são considerados relevantes para os grupos que possuem maior poder,  ou  para  desvelar  a  própria  forma  como  a  escola  se articula  com a sociedade e seu projeto político, constituindo-se num espaço emancipatório, de construção de uma contra-ideologia,  onde a cultura e os saberes dos grupos sociais  que  historicamente  têm sua  historia  negada,  silenciada,  distorcida, esteja em diálogo permanente com os saberes historicamente acumulados e sistematizados na história da humanidade.
Outra questão de grande relevância e que deve permear todo o trabalho escolar  é o de que vivemos em uma sociedade em que as minorias sociais, especificamente a raça negra, os deficientes, a classe baixa, padece por conta da existência do preconceito.  Muitas vezes camuflado,  porém,  sem deixar de existir, atinge boa parte das pessoas, chegando à vivência escolar.
A própria História da Humanidade retrata a história vivida pelas minorias, em que são relatados fatos como a opressão, a exploração, a aculturação e a violência tanto física, como também a violência moral.
A forma de vivência e sobrevivência ao qual se submeteu essas minorias, os levou a tornar-se um povo lutador por seus direitos,  embora nem sempre respeitados  pela grande massa de exploradores.  Surgem leis,  ao longo dos tempos, em que tem como principal  intuito,  fazer com os direitos desse povo fossem respeitados  e  viabilizados  em sociedade.  Surgem também diversas contribuições culturais, que mesmo massacrada, não desiste de firmar a riqueza de  princípios,  costumes  e  valores,  especialmente  da  raça  negra.  Princípios, costumes  e  valores  que  contribuem  imensamente  para  a  preservação  e enriquecimento da cultura brasileira.
Atualmente, percebe-se que paralelamente à situação vivenciada pelas minorias no mundo, em nosso país, em nosso estado, no nosso município  e  especificamente,  nas  pequenas  comunidades  e  aglomerações sociais, como nas escolas, retrata situações de desvalorização e pré-conceito, o que tem causado conflitos de identidade.
             O homem contemporâneo se vê obrigado a conviver  com um “verdadeiro  espetáculo  de  diferenças” e  percebemos  claramente  isso  nas escolas,  em  que  se  torna  complicado  o  nosso  aluno conviver,  aceitar  e  respeitar  a diversidade.  Por  isso,  a  visão  de  nossa  escola  é  de  que  deve  haver  um empreendimento  no  sentido  de  desenvolver  um  trabalho  pedagógico,  no sentido de contribuir para a construção de uma visão particular de convivência, em que nossos alunos possam debater pesquisar e construir uma outra visão quanto às diversidades.

Portanto, entendemos ser necessário partir de situações mais ampla, até abranger a nossa própria realidade, ou seja, a nossa escola, retratando não só  as  “amarguras” vivenciadas  pelas  minorias  sociais  ao  longo  do desenvolvimento  da  Humanidade,  como  também as  grandes  contribuições culturais deixadas por essas minorias e que se inserem de maneira significativa nos valores contemporâneos.
Partimos  do princípio de que resgatando valores  de tolerância, convivência coletiva e respeito às diferenças, estaremos contribuindo para que o nosso aluno possa viver e construir um tipo de sociedade diferente da que vivemos.  Se não for  possível  a extinção do preconceito e da discriminação, permanece o sonho  de uma sociedade mais digna  para as futuras gerações.
A partir da realidade em que se insere nossa escola,  partimos do princípio de que ela deve dar  conta de formar  cidadãos conscientes de seu papel para com as mudanças sociais, não sendo mero expectador dos desafios enfrentados  em  sociedade,  ser  crítico,  contribuindo  para  mudanças, responsável, autônomo, solidário, criativo, e capaz de responder aos desafios do
mundo  contemporâneo,  usando  o  conhecimento  aprendido  na  escola  para entender  a  sua  realidade  e  contribuindo  conseqüentemente,  para  as transformações necessárias;  e estas transformações também estão ligadas a religiosidade da sociedade neste momento histórico, vale a pena destacar que a religiosidade pode funcionar como mecanismo de controle social. E ela passa a ser, instrumentalizada dentro das diversas instituições, como espiritualidade no contexto  do  mundo.  E  é  dentro  de  uma  perspectiva  mais  ampla  de compreensão  de  religiosidade  (em relação  ao  conceito  de  religião),  e  de psicologização de religião, que, talvez, se possa entender porque espiritualidade parece  estar  sendo  considerada,  fundamentalmente,  como  a  procura  por valores,  por conexões,  por vivências,  que transcendam a materialidade.  Uma postura  devida  que  buscaria  sentido,  significado  para  o  “estar”  no  mundo (família,  trabalho)  e  equilíbrio  entre  as  diversas  esferas  da  vida  (racional, afetiva,  social),  enfatizando uma postura humanista diante do mundo (amor, respeito ao próximo, fraternidade, ecologia). 
Num processo  educacional  em que  se  trabalha  a  formação  do cidadão  de  forma  interdisciplinar  não  podemos  deixar  de  lado  a  visão educacional de que o trabalho é um dos eixos do processo educativo, porque é através dele que o homem se modifica,  ao modificar a natureza,  também se modifica uma perspectiva que incorpora a própria história da formação humana.
Portanto, o trabalho deve ser o centro da formação humana em todo o ensino. Ter o trabalho como princípio educativo implica em compreender a natureza da relação que os homens estabelecem com o meio natural e social, bem como as relações sociais  em suas tessituras institucionais,  as quais desenham o que
chamamos de sociedade.
Assim, a educação é também uma manifestação histórica do estar e do fazer humano, o que fundamenta o processo de socialização.