sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

PPP - 12° parte

PROFESSOR

Não há dúvida de que, deve haver um trabalho constante no sentido da construção da identidade do professor,  pois este tem um papel  relevante na prática social.
O professor, em relação à sua formação, acreditamos estar a maior parte atendendo aos princípios da legislação,  pois possuem habilitação e formação para a atuação em sua área. Muitos possuem formação, além da graduação e se preocupam com a atualização constante dos conhecimentos, participando de encontros, seminários, fóruns, cursos, grupos de estudos, entre outros.
Embora haja a necessidade e preocupação com a formação continuada, percebemos que ainda há a fragmentação do trabalho pedagógico, onde muitos se restringem apenas ao trabalho em sua área de conhecimento.
Visto às mudanças e exigências constantes da sociedade,  muitos dos profissionais da educação enfrentam algumas dificuldades em sua prática, tais como:

• O professor não se sente preparado o suficiente para trabalhar com a inclusão do aluno com necessidades especiais  em salas do ensino regular;
• Não  domina  as  teorias  pedagógicas  recentes,  o  que  acaba ocasionando uma prática tipicamente tradicional;
• Sente  dificuldades  de  trabalhar  atendendo  à  diversidade, principalmente  em  relação  ao  aluno  com  dificuldades  de aprendizagem;
• Muitos não desenvolvem uma postura pedagógica interdisciplinar, o que acaba fragmentando cada vez mais o conhecimento;
• Não  dominam as  tecnologias  recentes,  usando-a  como  apoio  ao trabalho escolar. Portanto, visto à importância do trabalho do professor, entendemos que há de se ter a preocupação de oferecer condições de trabalho que dêem conta de formar o aluno apto para a vida em sociedade.

FUNCIONÁRIO

Os funcionários  têm  grande  relevância  na  participação  do  projeto educativo idealizado pela escola. Assim, em nossa realidade, percebemos que ainda não se efetivou uma participação sistemática e contínua desta categoria nos  ideais  propostos  pela  nossa  instituição,  principalmente  em relação  ao trabalho pedagógico.
De acordo com as  discussões  sobre a nossa realidade,  chegamos  às seguintes conclusões:
• A maioria dos professores da escola alega conhecer superficialmente o trabalho do funcionário na escola;
• Boa parte acredita ser importante que todos os agentes educativos e nessa proposta, inclusive o funcionário, estejam inseridos na proposta de trabalho educativo da escola;
• Nas discussões, a própria categoria afirmou se sentir valorizada, pelo fato de poder conhecer “mais de perto” o trabalho proposto e a ser realizado na escola.
 
Também se faz necessário contemplar que:

• Todos  os  trabalhos  realizados  na  escola,  desde  os  de  limpeza, secretaria,  cozinha,  biblioteca,  passando  pelo  processo  ensinoaprendizagem,  são  formas  de  educar,  portanto,  todos  somos educadores.
• Percebe-se que os funcionários estão construindo uma participação sistemática e contínua nos ideais propostos pelas nossas instituições.
• Os agentes educativos e funcionários estão inseridos na proposta de trabalho educativo da escola.
• Necessita-se  uma  maior  colaboração  e  integração  de  professores, alunos, direção, equipe pedagógica, pais, funcionários e comunidade no processo de aquisição do saber.
• Percebeu-se a necessidade de capacitações mais freqüentes para os funcionários  como  estímulo  para  seu  crescimento,  tanto
pessoalmente quanto profissionalmente.
Assim,  como educar  e formar  o aluno são um processo contínuo e de responsabilidade coletiva, há a necessidade de reafirmar a idéia da participação de  todos:  direção,  corpo  docente,  equipe  pedagógica,  corpo  discente, funcionários, pais e comunidade em geral, para que essa formação possa atingir em boa parte, os objetivos a que se propõe.


A ANÁLISE DAS  CONTRADIÇÕES  E  CONFLITOS  PRESENTES  NA PRÁTICA DOCENTE: REFLEXÃO TEÓRICO – PRÁTICA

                   A educação é um direito social e não uma questão de mercado. A educação enquanto organizadora e produtora da cultura  se produz por meio de relações mediadas pelo trabalho, entendendo trabalho como produção material e cultural  de existência humana.  Para isso,  a escola precisa investir em uma
interpretação  da  realidade  que  possibilite  a  construção  de  conhecimentos potencializadores, a  partir  de estratégias solidárias, que garantam a melhoria da qualidade de vida.
                    A educação deve pensar o desenvolvimento levando em conta os aspectos da diversidade, da situação histórica particular de cada comunidade, os  recursos  disponíveis,  as  expectativas,  os  anseios  e  necessidades  da comunidade, levando em conta as migrações de nosso município canavieiro.
                    O currículo precisa ser estruturado a partir de uma lógica de desenvolvimento  que  privilegie  o  ser  humano  na  sua  integralidade, possibilitando a construção de sua cidadania e inclusão social,  colocando os sujeitos do migrantes e do própria cidade de volta ao processo produtivo com justiça, bem-estar social
e econômico.
                     A educação para o desenvolvimento leva em conta a
sustentabilidade  ambiental,  agrícola,  agrária,  econômica,  social,  política, cultural,  a equidade de gênero,  racial  e étnica.  Portanto,  não são apenas os saberes  construídos  na  sala  de  aula,  mas  também aqueles  construídos  na produção,  na  família,  na  convivência  social,  na  cultura,  no  lazer  e  nos movimentos sociais. A sala de aula é um espaço específico de sistematização,
análise e de síntese das aprendizagens se construindo assim,  num local  de encontro das diferenças, pois é nelas que produzem novas formas de ver, estar e se relacionar com o mundo.
                     A educação, isoladamente, pode não resolver os problemas do campo e da sociedade, mas é um dos caminhos para a promoção da inclusão social, educacional e do desenvolvimento sustentável.
                     Dentro desta realidade e com a mudança de concepção sinalizada na Lei  de Diretrizes  e Base da Educação Nacional  nº.  9.394/96,  reflexo dos movimentos internacionais pela inclusão social, aponta-se uma ressignificação da inclusão educacional ampliando-se não apenas a sua abrangência - desde a
Educação Infantil   -  bem como o público alvo a que se destina: alunos com necessidades educacionais especiais.
                     As necessidades especiais dos educandos são definidas pelos problemas de desenvolvimento da aprendizagem apresentados pelos mesmos, em caráter temporário ou permanente, bem como pelos recursos e apoios que a escola  deverá  proporcionar,  objetivando  a  remoção  das  barreiras  para  a aprendizagem, e compreendem:
-deficiência mental leve;
-distúrbios de aprendizagem;
-dificuldades  acentuadas  de  aprendizagem  ou  limitações  no  processo  de desenvolvimento;
-dificuldades de comunicação e sinalização;
-condutas típicas;
-superdotação / altas habilidades.
               A escola deve ser um espaço democrático, significativo e singular para  trabalhar  com  a  diversidade  humana,  respeitando  as  limitações, percebendo  as  potencialidades  para  a  aprendizagem  e  considerando  as especificidades de cada educando,  a favor  da inclusão de todos.  A inclusão, antes  de  ser  educacional  é  social,  portanto,  é  uma  conquista  de  toda  a
sociedade.
                   Diante dessa realidade, pretendemos fazer com que todas as pessoas que integram nossa comunidade escolar se mobilizem para a mudança da  concepção  de  educação  especial  tendo  como  pressuposto  os  direitos humanos.
                  A escola está se organizando para atender a todos, sejam educandos com, ou sem, necessidades educacionais especiais, visando um trabalho mais humano, dentro da diversidade, para isso, todos os profissionais que nela estão inseridos,  devem adequar-se às necessidades de seus alunos.  A diversidade deve ser  respeitada,  tendo em vista que todas as pessoas são diferentes e aprendem em ritmos, formas e maneiras diferentes.

                  O primeiro passo para que a escola se torne inclusiva, é a mudança de mentalidade de toda a equipe nela inserida, o segundo passo é a remoção das barreiras arquitetônicas, e o último passo são as adaptações de objetivos, conteúdos, métodos de ensino, avaliação e temporalidade, para que o educando adquira, dentro de suas limitações, sucesso na aprendizagem e a turma toda se beneficie dessa adversidade,  criando um ambiente acolhedor,  participativo e solidário. As salas de aula jamais serão homogêneas, por isso cabe ao professor, diversificar  sua metodologia e práticas pedagógicas,  para que todos tenham oportunidade de adquirir e aprimorar seus conhecimentos, obtendo progressão nas diversas áreas sejam elas: culturais,  sociais,  afetivas,  entre outras.


ATO CONCEITUAL

Concepção  de  Homem,  Sociedade  e  Mundo,  Cultura, Cidadania,  Educação,  Conhecimento,  Escola,  Ensino-aprendizagem, Avaliação, Tecnologia, Ciências, Educação Fiscal,  Inclusão,  Trabalho,  Cultura  -  Afro  e  Impacto Ambiental

As  concepções  de  homem,  sociedade  e  mundo,  cultura,  cidadania, educação,  conhecimento,  escola,  ensino-aprendizagem,  avaliação,  tecnologia, ciências,  educação fiscal,  inclusão,  cultura-afro  e demais,  norteiam os rumos que nossas instituições querem seguir para um “projeto em educação”.
Essas visões em torno desses eixos acima apresentados constituem a essência de nosso trabalho pedagógico e político. Num encadeamento natural e abrangente,  envolve  a  concepção  que  temos  em  relação  ao  “O  QUE QUEREMOS”.


 CONCEPÇÃO DE HOMEM

O homem é um ser natural e social, ele age na natureza transformando-a segundo  suas  necessidades  e  para  além  delas.  Nesse  processo  de transformação,  ele  envolve  múltiplas  relações  em  determinado  momento histórico,  assim acumula  experiências  e  em decorrência  destas,  ele  produz conhecimentos.  Sua ação é intencional  e planejada,  mediada pelo trabalho, produzindo bens materiais e não-materiais que são apropriados de diferentes formas pelo homem, conforme Saviani (1992):
“O  homem  necessita  produzir  continuamente  sua  própria
existência. Para tanto, em lugar de se adaptar a natureza, ele tem
que adaptar a natureza a si, isto é, transformá-la pelo trabalho”.
Considerando o homem em ser social, ele atua e interfere na sociedade, se encontra com o outro nas relações familiares,  comunitárias,  produtivas e também na  organização  política,  garantindo  assim sua  participação  ativa  e criativa  nas  diversas  esferas  da  sociedade.  O homem,  com sujeito  de  sua
história,  segundo  Santoro  “...  é  aquele  que  na  sua  convivência  coletiva compreende  suas  condições  existenciais  transcende-as  e  organiza-as, superando a condição de objeto,  caminhando na direção de sua emancipação participante  da  história  coletiva”.
Partindo do pressuposto que o homem constitui-se um ser histórico, faz-se necessário compreendê-lo em suas relações inerentes a natureza humana. O homem é,  antes de tudo,  um ser de vontade,  um ser que pronuncia sobre a realidade.

CONCEPÇÃO DE SOCIEDADE E DE MUNDO

Quando  se questiona  o  próprio  sentido  da  escola,  a  sua  função social e a natureza do trabalho educativo, enquanto docentes, aparecemos sem iniciativa,  “arredados  ou  deslocados  pela  força  arroladora  dos  fatos,  pela vertiginosa sucessão de acontecimentos que tornaram obsoletos os conteúdos e as práticas educativas” (Peres Gomes, 1998).  E para que isso não aconteça é
que precisamos entender em que tipo de sociedade estamos inseridos.
Para Severino (1998),  a sociedade é um agrupamento tecido por uma  série  de  relações  diferenciadas  e  diferenciadoras.  É  configurada  pelas experiências individuais do homem,  havendo uma interdependência em todas as  formas  da  atividade  humana,  desenvolvendo  relações,  instaurando estruturas  sociais,  instituições  sociais  e produzindo bens,  garantindo a base econômica e é o jeito específico do homem realizar sua humildade, sendo que:
“A sociedade configura todas as experiências individuais do homem, transmite-lhe resumidamente todos os conhecimentos adquiridos no passado do grupo e recolhe as contribuições que o poder de cada indivíduo engendra e que oferece a sua comunidade. Nesse sentido a sociedade cria o homem para si”.(Pinto, 1994)
A sociedade  é  mediadora  do  saber  e  da  educação  presente  no trabalho concreto dos homens, que criam novas possibilidades de cultura e de agir social a partir das contradições geridas pelo processo de transformação da base econômica.
Segundo Demerval Saviani, o entendimento do modo como funciona a sociedade não pode se limitar ás aparências.  É necessário compreender as leis que regem o desenvolvimento da sociedade.  Obviamente da sociedade. Que não se trata aqui de leis naturais, mas sim de leis históricas, ou seja, de leis que se constitui historicamente.
Atílio Boron (1986)  questiona que tipo de sociedade deixa como legado estes anos de hegemonia ideológica do neoliberalismo? Uma  sociedade  heterogênea  e  fragmentada,  marcada  por  profundas desigualdades de todo o tipo – classe, etnia, gênero, religião, etc. – que foram exarcebadas com a aplicação das políticas neoliberais.  Uma sociedade “com duas velocidades”,  como costuma ser denominada na Europa,  porque há um amplo setor social, um terço excluído e fatalmente condenado à marginalidade e que não pode  ser  “reconvertido”  em termos  laborais,  nem inserir-se nos mercados  de  trabalho  formais  dos  capitais  desenvolvidos. 
Essa  crescente fragmentação do social que potencializarão as políticas conservadoras, foi por sua  vez  reforçada  pelo  excepcional  avanço  tecnológico  e  cientifico  e  seu impacto sobre a paradigma produtivo contemporâneo.                        Inês  B.  de  Oliveira  diz  que  uma  sociedade  democrática  não  é,
portanto,  aquela na qual  os governantes são eleitos pelo voto.  A democracia pressupõe  uma  possibilidade  de  participação  do  conjunto  dos  membros  da sociedade em todos os processos decisórios que dizem respeito à sua vida (em casa, na escola, no bairro, etc.).
Raul  Pont  no texto sobre democracia representativa e democracia participativa conclui  que nossa convicção funda-se no processo histórico que nos  ensina  que  não    verdades  eternas  e  absolutas  nas  relações  entre sociedade e o Estado e que estas se fazem e se refazem pelo protagonismo dos seres  sociais  e  que  a  busca  de  uma  democracia  substantiva,  participante, regida por princípios éticos de liberdade e igualdade social, continua sendo um horizonte histórico, em suma, nossa utopia para a humanidade. 

 CONCEPÇÃO DE CULTURA

A  cultura  é  resultado  de  toda  a  produção  humana  e  segundo Saviani,  para  sobreviver  o  homem necessita  extrair  da  natureza,  ativa  e intencionalmente,  os  meios  de  sua  subsistência.  Ao  fazer  isso  ele  inicia  o processo de transformação da natureza, criando um mundo da cultura” (1992, p, 19).
Podemos  considerar  que,  “de  um ponto  de  vista  antropológico, cultura é tudo o que elabora, e elaborou o ser humano, desde a mais sublime música ou obra literária até as formas de destruir-se a si mesmo e as técnicas de tortura, a arte, a ciência, a linguagem, os costumes, os hábitos de vida, os sistemas morais, as instituições sociais, as crenças, as religiões, as formas de trabalho”. (Sacristan,2001,p.105)
Todo conhecimento, na medida em que se constitui num sistema de significação,  é  cultural.  Além  disso,  como  sistema  de  significação,  todo conhecimento está estreitamento vinculado com relações  de poder”  (TomasTadeu, 1999).
É  necessário  considerar  as  colocações  de  Silva  (1999),  de  que “tornou-se lugar comum destacar a diversidade das formas culturais do mundo contemporâneo. É um fato paradoxal, entretanto, que essa suposta diversidade conviva  com  fenômenos  igualmente  surpreendentes  de  homogeneização cultural”.
Ao  mesmo  tempo  em que  se  tornam visíveis  manifestações  e expressões culturais de grupos dominados, observa-se o predomínio de formas culturais produzidas e vinculadas pelos meios de comunicação de massa, nas quais aparecem de forma destacada as produções culturais em sua dimensão material e não-material.
Toda a organização curricular,  por  sua natureza e especificidade precisa completar várias dimensões da ação humana, entre elas a concepção de cultura.  Na escola,  em sua prática há a necessidade da consciência de tais diversidades culturais,  especialmente da sua função de trabalhar  as culturas populares de forma a levá-los à produção de uma cultura erudita, como afirma Saviani:    a  mediação  da  escola,  instituição  especializada  para  operar  a passagem  do saber espontâneo ao saber sistematizado, da cultura popular à cultura  erudita;  assume  um  papel  político  fundamental  “.(Saviani,  apud, Frigotto, 1994 p, 189).
Respeitando a diversidade cultural e valorizando a cultura popular e erudita cabe a escola aproveitar essa diversidade, existente, para fazer dela um espaço motivador, aberto e democrático.

CONCEPÇÃO DE CIDADANIA

Historicamente, o Brasil foi construído de cima para baixo e de fora para dentro – poderes coloniais,  elites proprietárias, Estado realimentando as desigualdades e gravando as inclusões. Neste momento, sequer construir uma outra base social,  constituída por aqueles excluídos da história brasileira que, organizando-se  na  sociedade  civil  e  nos  diferentes  movimentos  sociais, acumularam força  e  conseguem expressar-se,  tomando  as  rédeas  do  seu destino, criando uma nação soberana e aberta ao diálogo e a participação.
        De acordo com Boff  (2000,  p.  51)  “cidadania é um processo
histórico-social que capacita a massa humana a forjar condições de consciência, de organização e de elaboração de um projeto e de práticas no sentido de deixar de ser massa e de passar a ser povo, como sujeito histórico, modelador de seu próprio destino”
Reafirmando  a  citação  de  Boff,  (Martins,  2000,  p.53)  diz:  “...  a construção  da  cidadania  envolve  um processo  ideológico  de  formação  de consciência pessoal e social e de reconhecimento desse processo em termos de direitos e deveres. A realização se faz através de lutas contra as discriminações, da abolição de barreiras segregativas entre indivíduos e contra as opressões e os tratamentos desiguais,  ou seja,  pela extensão das mesmas condições  de acesso  às  políticas  públicas  e  pela  participação  de  todos  nas  tomadas  de decisões.  É condição essencial  da cidadania,  reconhecer  que a emancipação depende  fundamentalmente  do  interessado,  uma  vez  que,  quando  a desigualdade é somente confrontada na arena pública,  reina a tutela sobre a sociedade,  fazendo-a dependente dos serviços públicos.  No entanto,  ser/estar interessado não dispensa apoio,  pois  os  serviços  são sempre necessários  e instrumentais.
O grande desafio histórico é dar condições ao povo brasileiro de se tornar cidadão consciente, (sujeito de direitos), organizados e participativos do processo de construção político-social e cultural. Angel Pino in (Boff SEVERINO A J.ZALUARA e outros 1992, p. 15-25), consideram que “o conceito de cidadania traduz ao mesmo tempo, um direito e o exercício desse direito.  Sem este, aquele é uma mera fórmula.” Portanto,  a educação como um dos principais instrumentos de formação da cidadania, deve ser entendida como a concretização dos direitos que permitem ao indivíduo, sua inserção na sociedade. “A realidade  social  e educacional  atual  de  nosso  país,  requer  o enfrentamento e a superação da contradição da estrutura que existe entre a declaração  constitucional  dos  direitos;  da  ideologia  que  associa  a  pobreza material à cultural; de recolocar-se o problema da escola pública em termos de direito de todos, de acesso ao conhecimento elaborado; recolocar a questão do trabalho como atividade de produção/apropriação de conhecimento não apenas como mera operação mecânica, em repensar a relação escola/trabalho.
Segundo Martins (200,  p.54),  pode-se afirmar que “aquela relação entre cidadania e democracia explicita-se no fato de que ambas são processos; o processo não se dá num vazio,  a cidadania exige instituições,  mediações e comportamentos próprios, constituindo-se na criação de espaços sociais de luta na  definição  de  instituições  permanentes  para  expressão  política”.  Neste sentido,  a autora distingue a cidadania passiva,  aquela que é outorgada pelo Estado, com a idéia moral  da tutela e do favor. Cidadania Ativa – aquela que institui  o cidadão como portador  de direitos  e deveres,  mas essencialmente criador  de direitos,  de abrir  espaços de participação.  Confirma ainda,  que a cidadania requer  a consciência clara sobre o papel  da educação e as novas
exigências colocadas para a escola que,  como instituição para o ensino – a educação formal – pode ser um lócus excelente para a construção da cidadania.
As dimensões da cidadania, segundo Boff, são cinco:
1. A  dimensão  econômico-produtiva:  a  massa  é  mantida intencionalmente, como massa e a pobreza é empobrecimento, portanto, a pobreza material e política é produzida e cultivada, por isso é profundamente injusta.

2. A  dimensão  político-participativa:  as  pessoas  interessadas lutam  em  prol  de  sua  autonomia  e  participação  social, tornando-se cidadãos plenos.

3. A dimensão  popular:  inclui  somente  as  que  têm acesso  ao sistema produtivo e exclui os demais, sendo esta a dimensão vigente.

4. A dimensão de co-cidadania: os cidadãos devem reivindicar e não pedir ao Estado.  Precisa organizar-se não para substituir, mas para fazê-lo funcionar.

5. A  cidadania  Terrenal:  apresenta  a  dimensão  planetária  na consciência  de  causas  comuns,  com  a  responsabilidade coletiva de garantir um futuro para a terra e a humanidade.