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quinta-feira, 24 de março de 2011

Considerações sobre a adaptação da criança na escola

 Em Tempo de Adaptação
O início do ano é um momento precioso na escola, em que tudo é novo e difícil para crianças, pais e professores. Início do ano letivo. Uma nova turma de crianças faz a sua estréia na escola. É tempo de adaptação.
Costuma-se chamar de adaptação o período inicial do ano letivo em que crianças (e também seus responsáveis) estão se acostumando à nova escola.
Ao entrar para uma escola, a criança trava conhecimento com um novo espaço que é físico e também subjetivo, afetivo, enquanto espaço de relações.
 "Nessa escola não tem nada do que eu gosto!", dizia o garotinho emburrado. E, quando a professora perguntou sobre o que havia na outra escola e mostrou que ali havia material parecido, ele não se deixou convencer: "Tudo na minha outra escola era mais bonito".
"Eu não queria vir aqui. Foi minha mãe que queria." Às vezes acontece de a criança estar vindo de uma outra escola da qual não gostava. Não sabe o que esperar da nova. Por que deve acreditar que a nova seja melhor ? "Não gosto daqui, não gosto de nenhuma escola. Quero ficar em casa", repetia a menina a cada tentativa de aproximação da profesora. O que dizia era verdade. Não podeia gostar daquele lugar que ainda não conhecia. Precisará de tempo para descobrir que as escolas são diferentes, tempo para descobrir no novo ambiente algo que a interesse, que a encante, tempo para se deixar encantar.
Quando penso nos muitos períodos de adaptação que já acompanhei, ecos e imagens variadas me vêm à mente. Há crianças que chegam animadas e vão logo perguntando: "Onde é minha sala?" Isso quando não entram despachadamente na primeira porta que encontram e tratam de explorar o novo ambiente sem a menor cerimônia. Sentem-se à vontade desde o momento que chegam.
Há as que chegam devagar, trazendo na mão algum brinquedo ou objeto. Olham tudo com atenção, aproximam-se devagar. Vão até a porta da sala, mas se recusam a entrar. Ficam olhando da porta o que acontece lá dentro. Aos poucos acabam entrando. Há também as que chegam assustadas, não soltam as mãos que as trouxeram e sequer olham para a professora ou quem quer que se aproxime.
Dentre todas as imagens que me vêm à mente, quando penso em adaptação, uma me parece particularmente rica de significados. É a de crianças paradas no meio do caminho que leva à sala, seja no corredor, ou entre os dois lances de escada que, no colégio onde trabalho, levam às salas que ficam no primeiro andar. Param indecisas sem saber se voltam para a mãe, o pai, a babá ou a avó que acena (ou acaba de desaparecer), ou se seguem ao encontro da professora que as aguarda na sala. Às vezes olham para trás, para os lados... Imagino que tudo deva parecer enorme e vazio!
Quando as vejo pararem indecisas, sem saberem se vão para frente ou para trás, costumo ir até elas. Em geral, uma palavra de incentivo basta, ofereço a mão, subimos juntas e eu as acompanho até a sala. Outras vezes acontece de pararem no meio do caminho e começarem a chorar. O desespero é tal que não há como subir, como continuar e, nesse caso, procuro ajudá-las a voltar, a ir ao encontro dos braços conhecidos que a trouxeram. Entretanto, mesmo acompanhadas, há crianças que não conseguem se decidir a continuar, ficando assim a meio caminho - lugar desconfortável - entre a segurança do já conhecido e as possibilidades do novo. A estas, com paciência e tranqüilidade, pode-se mostrar que suas pernas alcançam os degraus. Que vale a pena o esforço da caminhada. Algumas crianças precisam ser buscadas antes de conseguirem ir por conta própria.
É interessante observar como as crianças chegam. É igualmente interessante observar como são trazidas. Ao receber uma criança, uma escola recebe uma família. Com isso gostaria de chamar atenção para o fato de que o período de adaptação pode ser uma necessidade para os pais que levam seu filho/filha para a escola. "Estou mais nervosa que ele", dizia a mãe. "Não sei se vai dar certo. Acho que ele é ainda muito pequino." Muitas vezes o adulto está inseguro seja quanto à capacidde do filho/filha (ou da sua própria) de enfrentar a situação nova, de encontrar pessoas diferentes.
Como as crianças, muitos vêm de outras experiências, de outros filhos. Mas há os que nunca passaram por isso, são "marinheiros de primeira viagem". Cada um traz sua história. Todos trazem expectativas. Como as crianças, uns logo sentem à vontade enquanto outros parecem tensos. Há os que se sentem enciumados, ameaçados ou postos a prova. Como se, diante das reações da criança, sua competência, enquanto pais, fosse ser julgada. Lembro de uma mãe que empurrava a filha na direção da sala, parecendo muito aflita. Falava sem parar com a menina que, sem parecer ouvir, mais se agarrava a ela e continuava a chorar. Quanto mais ela insistia, prometia e ameaçava, mais a criança gritava. O desespero de ambas era visível. Quando me aproximei, a mãe falou: "O que vocês devem estar pensando de mim com essa criança que não pára de chorar ? Vão pensar que não dou educação, que ela é mimada, insegura. Só tem ela chorando. Até os menores já estão na sala. Não sei o que houve. Ela nunca foi de fazer escândalo." Antes de tudo era preciso tranqüilizar aquela mãe. Falar-lhe da importância da sua presença para a menina, explicar-lhe que ninguém a estava julgando, assegurar-lhe que podiam ficar juntas, que não havia mal nisso, que com o tempo a criança a deixaria.
Às vezes, uma adaptação difícil é facilitada quando, em vez do adulto muito ansioso, que não consegue se sentir tranqüilo, a criança vem acompanhada pela babá, avó,enfim, outra pessoa que não esteja tão envolvida e que, portanto, possa transmitir segurança e tranqüilidade.
No que se refere aos pais, a adaptação faz parte do processo de construção de um vínculo de confiança com a escola. E, às vezes, confiar leva tempo. Alguns pais vão precisar testar e perguntar muito sobre tudo e todos antes de "entregarem"os filhos. É justo que queiram muitas informações. Mesmo algum tempo depois do início do ano letivo, somos surpreendidos com um comentário ou pergunta que nos fa pensar que os pais ainda têm dúvidas sobre a escolha que fizeram, o que é perfeitamente compreensível. Somente aos poucos, no desenrolar do ano, das relações, é possível ir conhecendo e avaliando a escolha feita. São muitos os aspectos envolvidos na escolha de uma escola. Sejam quais forem as razões que nortearam a escolha, e por mais cuidadosa que esta tenha sido, isso não garante que tudo corra bem, não significa que a escola corresponda ao que era esperado e que seja boa para aquela criança específica. Às vezes, uma determinada criança não se sente bem numa escola, enquanto seu irmão a adora.
Acontece ainda alguns pais trazerem o filho e avisarem que não podem ou não querem ficar. Certa vez presenciei uma mãe deixar o filho com a professora e, diante do choro da criança, dizer: "Não adianta, não vou ficar. Não tenha paciência, acho isso a maior frescura. Se chorar, chorou, depois pára." É preciso lidar com isso também. E, como em todas as situações, de preferência sem julgamentos, sem preconceitos, procurando garantir o espaço para as diferenças.Talvez ajude, se pensarmos que este é apenas um primeiro momento. Se for preciso, outros serão criados depois para trocar observações, sugestões, para ouvir, para contar, para entender...
E o professor ? Ele é peça fundamental nesse processo todo. Ele, também, por mais experiência que tenha, por mais conhecimento e jeito, passa a cada início de ano por um processo de adaptação à nova turma. Às vezes há outras adaptações a fazer como, por exemplo, ao seu par de trabalho, pois é comum o professor de crianças pequenas trabalhar com um professor auxiliar. Se mudou de turma, o professor terá que se adaptar à faixa etária do seu novo grupo e, nessa fase, um ano faz bastante diferença.
Já ouvi de alguns professores que não gostam do período de adaptação porque, nele, se sentem muito abservados. Para eles é um momento delicado, cansativo. O grupo ainda não se constituiu. Como dar atenção a todos ? Como dar o tipo de atenção que cada um requer ? Que fazer com aquele pai que monopoliza a atenção, falando do filho ?
A empatia entre o professor e a turma nem sempre é imediata: "Morro de medo de não conseguir gostar da minha turmas", disse-me certa vez uma professora. Como as crianças e as famílias, cada professor tem suas expectativas, sua história, seu jeito próprio, o qual, dentro do possível, é preciso respeitar. Cada um se tornou professor por um motivo diferente, cada um é um professor diferente. Aos poucos, à sua maneira, vão conquistando a turma, deixando-se conquistar por ela, e logo passam a ser vistos cercados de crianças que parecem já conhecer há muito tempo. Adaptação é tudo isso: é conquista, conhecimento, paciência, insegurança, crescimento, confiança... São tantas outras coisas! Um processo feito de outros processos individuais. Se envolve gente, envolve tempo, envolve sentimentos (às vezes contraditórios), envolve afeto.
E, voltando à imagem da escada da qual falei anteriormente, o melhor da história é ver como em pouco tempo - pouquíssimo - o subir penoso é substituído por um saltitar alegre e descontraído, acompanhado de risos e de uma tagarelice sem fim.




Sugestão de Planejamento
Projeto: De volta as aulas

Objetivos:
Conhecer a escola como um ambiente onde todos têm algo a oferecer;Despertar o gosto pela escola e pela freqüência as aulas;Promover atividades lúdicas de conhecimento das dependências e pessoas que trabalham na escola;Conhecer os direitos e deveres de alunos, professores e demais funcionários da escola.


- Acolhida e apresentação da professora e dos alunos dentro da sala de aula.
- Reunião com os responsáveis e entrevista dentro da sala, os pais poderão ficar um tempo
  • falar sobre o horário de entrada da manhã 7:00, saída a partir das 11:10para o ônibus e logo depois os outros até as 11:30 horário máximo;
  • falar sobre o horário de entrada da tarde 12:30, saída a partir das 16:30para o ônibus e logo depois os outros até as 17:00 horário máximo;
  • pedir que depois do período de adaptação os pais não devem ir até a porta das salas, mas falar com as inspetoras que providenciarão para que os pais conversem separadamente com a professora;
  • Nem uma criança é sai da escola sozinha, sem a companhia de um adulto conhecido pelas pessoas da escola
  • Buscar a criança fora do horário, somente em casos especiais
  • Preencher a autorização do ônibus escolar na secretaria da escola, os pontos são determinados pelo almoxarifado
  • O lanche que a escola oferece é da melhor qualidade, mas temos barzinho e pode trazer lanchinho de casa, se quiserem.
  • Uniforme não é obrigatório, mas gostaríamos que todos usassem.Está a venda no Dominguinhos e no Eupídio
  • Acompanhar as crianças nas atividades escolares
    - Conhecendo a Sala de aula, a professora e os colegas.
    - Confecção do crachá de identificação dos alunos.
    - Atividades diversificadas:
  •  Modelagem com massinha;
  • Jogos de encaixe; Construção com blocos de madeira;
  • Desenho livre com giz de cera;
  • Caixa de brinquedos;
  • Aprendendo as músicas da rotina.
  • Avaliação do dia e preparação para a saída.


- Acolhida e apresentação da professora e dos alunos dentro da sala de aula.
- Conhecendo a escola: o banheiro, o refeitório e a direção.
- Atividades diversificadas:
  • Modelagem com massinha;
  • Jogos de encaixe;
  • Construção com blocos de madeira;
  • Desenho livre com giz de cera;
  • Caixa de brinquedos;
  • Aprendendo as músicas da rotina.
    - Avaliação do dia e preparação para a saída


- Atividades iniciais de rotina:
  • Bom dia;
  • Observação do tempo;
  • Calendário;
  • Oração;
  • Chamadinha;
  • Hora da Novidade ( Lateralidade)
Planejamento do dia
·        Brincadeira para fixação do nome dos alunos.
·        Conversa sobre a escola, suas dependências e funções.
·        Conhecendo a escola: o pátio, o parquinho e a sala de jogos.
·         Roda de Leitura: Contar uma história ( a critério do professor)
·        Modelagem com massinha;
·        Jogos de encaixe;
·        Construção com blocos de madeira;
·        Caixa de brinquedos
- Avaliação do dia e preparação para a saída.